Entrevista : André Luis
Oi oi, hoje tem um post diferente aqui no blog.
Há umas semanas, falei sobre o lançamento do livro "O preceptor", do escritor André Luís, e recentemente tive a honra de entrevistá-lo. A entrevista fala sobre o livro, a vida dele e dicas para quem pretende ser escritor.
Vem conferir que entrevista tá bem bacana!
1. Inicialmente, conte-nos um pouco sobre
você.
No alto dos meus vinte e seis anos,
posso dizer que sou velho o suficiente para não ser apenas mais um garoto e novo
demais para que já possa ter uma biografia interessante. Risos. No mais, que
digo? Sou um leitor voraz e um viajante de primeira. Gosto de conhecer pessoas
e lugares os quais, seguramente, de um jeito ou de outro, figurarão nos meus
textos. Também digo que sou um apaixonado pelo teatro. A vida me provou que não
consigo viver sem o tablado, sem as conversas na coxia, sem os risos e prantos
no camarim. Em poucas palavras: sou um apaixonado pelo que faço e, como todo
mundo, tenho as minhas manias. Apenas uma delas: prefiro a caneta ao computador!
Isso aconteceu aos dezesseis. E,
naquela época, não escrevi um romance. Não escrevi quase nada. Talvez uns
contos e meia dúzia de poemas. Hoje, dez anos depois, afirmo que não havia
decidido coisa alguma quando, simplesmente, aconteceu. A vida é engraçada! Esse
romance começou a ser escrito em 2012 e foi finalizado no mesmo ano. Daí, me
dei tempo e levei um ano revisando.
3. Você se inspirou em algo da sua vida
para escrever "O Preceptor"?
4. Como é ser escritor na Bahia?
Imagino que a pergunta esteja voltada
para o problema da publicação e do difícil acesso ao mercado editorial. Dureza!
Bom, mas isso, obviamente, não quer dizer que seja as mil maravilhas para os
colegas de outros estados. O que se pondera, talvez, seja uma possível
concentração de editoras no eixo Rio-São Paulo
que, em tese, desestimularia escritores iniciantes aqui. Acho que é por
aí. Eu, por exemplo, tentei publicação na Bahia e não obtive sucesso. A editora responsável pela publicação d’O
Preceptor – a Metanoia Editora – é carioca. Antes d’O Preceptor, também
enfrentei outra batalha com Escavadores que só veio a ser publicado por ocasião
do concurso promovido pelo SESC (também no Rio de Janeiro). Bom... Fora isso,
me sinto orgulhoso de ser baiano e escritor; me sinto parte (na minha miudeza.
Risos) dessa nossa herança literária que possui expoentes tão significativos
quanto Castro Alves e Jorge Amado.
5. Qual é a dica que você dá para quem
quer se tornar escritor ou ingressar no ramo literário?
Escreva! Simples assim .O que lhe vier
a cabeça. Anote ideias, sensações, trecho de conversas e, se faltar palavras,
desenhe. Um rabisco tosco, um bonequinho de palito, tudo vale, desde que
depois, com muita paciência e determinação se dedique a polir os diamantes que
a vida lhe deu.
6. Quais são suas dicas de leitura para
os nossos leitores?
7. Vem mais obras por aí?
Certamente. No momento, estou
revisando um texto meu para teatro (Sobre cordeiros, navalhas e dentes-de-leão)
e estou terminando outro, igualmente para teatro: Um homem não é uma laranja.
Pretendo também começar um novo romance (que já tem título provisório: A Rainha
de Paus) no final do ano. Esse romance não é uma continuidade imediata d’O
Preceptor, mas é, de fato, meu retorno a esse universo tão querido.
Faço teatro desde que me entendo por
gente. Minha mãe se diz responsável, já
que me levava para apresentações infantis numa época em que eu ainda usava
fraldas. Risos. E também me lembro de montagem amadoras minhas nas quais,
dirigia, atuava e produzia (com a ajuda de colegas) desde a mais tenra idade.
Talvez seis ou sete anos. Depois ingressei num grupo de teatro amador no
colégio e só parei durante a faculdade (sou formado em direito). Mesmo assim,
sempre dei um jeito de estar por perto e voltei para o teatro através da
escrita. Resolvi que seria dramaturgo e desde então tenho abraçado essa vida
cada vez mais. Hoje, estou cercado por profissionais e mestres maravilhosos, do
quais destaco Harildo Déda, grande amigo e querido professor e diretor.
9. Teatro em Salvador dá certo ?
Essa é uma pergunta difícil. Depende
do que se considera “dar certo”. Sim. Enfrentamos desafios diários que vão da
falta de estrutura (e nesse contexto incluo a pauperização dos teatros) à
problemática e cheia de melindres política cultural de incentivo. A meu ver, na
prática é tudo muito burocrático, não há nenhum programa expressivo de formação
de platéia e, pra completar, ainda existe uma desvalorização aberrante do nosso
trabalho. Agora, ainda assim, é o que eu sei e o que gosto de fazer. Então, pra
mim tem dado certo.
10. Indica ser escritor ou ator para os nossos
leitores ?
Shakespeare diz que “somos da
substância de que são feitos os sonhos” e eu acredito nisso. Na verdade, é mais
que isso. Essa frase tem sido, sem dúvidas, o meu leitmotv, ou o tema mais recorrente na minha vida. Basta pensar que
abandonei o direito por esse “outros ofícios”, pelos quais sou confessadamente
apaixonado. Então, se tiver paciência e disposição para se jogar, seja
bem-vindas! A labuta nessas áreas (como em todas as outras) é recheada de
dores, mas também de muitas, muitas delícias!
Bom pessoal, espero que tenham gostado da entrevista, pois eu amei!
Obrigada André, por toda atenção e carinho ao responder nossas perguntas.