Entrevista : André Luis

segunda-feira, agosto 04, 2014 Unknown 0 Comments



Oi oi, hoje tem um post diferente aqui no blog. 
Há umas semanas, falei sobre o lançamento do livro "O preceptor", do escritor André Luís, e recentemente tive a honra de entrevistá-lo. A entrevista fala sobre o livro, a vida dele e dicas para quem pretende ser escritor.
Vem conferir que entrevista tá bem bacana!  


           1.    Inicialmente, conte-nos um pouco sobre você.

No alto dos meus vinte e seis anos, posso dizer que sou velho o suficiente para não ser apenas mais um garoto e novo demais para que já possa ter uma biografia interessante. Risos. No mais, que digo? Sou um leitor voraz e um viajante de primeira. Gosto de conhecer pessoas e lugares os quais, seguramente, de um jeito ou de outro, figurarão nos meus textos. Também digo que sou um apaixonado pelo teatro. A vida me provou que não consigo viver sem o tablado, sem as conversas na coxia, sem os risos e prantos no camarim. Em poucas palavras: sou um apaixonado pelo que faço e, como todo mundo, tenho as minhas manias. Apenas uma delas: prefiro a caneta ao computador!

 2.    Quando você decidiu que queria escrever um romance?

 Isso aconteceu aos dezesseis. E, naquela época, não escrevi um romance. Não escrevi quase nada. Talvez uns contos e meia dúzia de poemas. Hoje, dez anos depois, afirmo que não havia decidido coisa alguma quando, simplesmente, aconteceu. A vida é engraçada! Esse romance começou a ser escrito em 2012 e foi finalizado no mesmo ano. Daí, me dei tempo e levei um ano revisando. 

   3.    Você se inspirou em algo da sua vida para escrever "O Preceptor"?

Eu sempre defendi que toda obra artística – e aqui incluo as obras literárias – são radicalmente fundadas em nossas próprias experiências. Mesmo que não tenhamos vivido essas situações, mas experimentado-as através de relatos e observações. Então, sim. Existem elementos da minha vida n’O Preceptor. Como por exemplo o fato de, assim como Cláudio, eu ter sido professor particular, ou a história do galinho Ernesto. Eu e minha irmã, nós tivemos um galo e hoje, na porta de nossa casa existe um galo de metal sobre uma sineta!  Enfim... Agora, é bem verdade que são apenas pequenos traços e que a obra é inteiramente ficcional. 

        4.    Como é ser escritor na Bahia?

Imagino que a pergunta esteja voltada para o problema da publicação e do difícil acesso ao mercado editorial. Dureza! Bom, mas isso, obviamente, não quer dizer que seja as mil maravilhas para os colegas de outros estados. O que se pondera, talvez, seja uma possível concentração de editoras no eixo Rio-São Paulo  que, em tese, desestimularia escritores iniciantes aqui. Acho que é por aí. Eu, por exemplo, tentei publicação na Bahia e não obtive sucesso.  A editora responsável pela publicação d’O Preceptor – a Metanoia Editora – é carioca. Antes d’O Preceptor, também enfrentei outra batalha com Escavadores que só veio a ser publicado por ocasião do concurso promovido pelo SESC (também no Rio de Janeiro). Bom... Fora isso, me sinto orgulhoso de ser baiano e escritor; me sinto parte (na minha miudeza. Risos) dessa nossa herança literária que possui expoentes tão significativos quanto Castro Alves e Jorge Amado.

         5.    Qual é a dica que você dá para quem quer se tornar escritor ou ingressar no ramo literário?

Escreva! Simples assim .O que lhe vier a cabeça. Anote ideias, sensações, trecho de conversas e, se faltar palavras, desenhe. Um rabisco tosco, um bonequinho de palito, tudo vale, desde que depois, com muita paciência e determinação se dedique a polir os diamantes que a vida lhe deu.

  6.    Quais são suas dicas de leitura para os nossos leitores?

 Eu sempre aposto nos clássicos (mas não só) e quase nunca me arrependo. Pra completar, me considero eclético. Leio de Shakespeare a Hilda Hilst, de Camões a John Steinbeck (estou lendo As Vinhas da Ira agora) e gosto! Gosto muito! Me encanta e me emociona essa diversidade. Agora, como todo mundo, tenho meus preferidos: Oscar Wilde e Virgínia Woolf!    

7.    Vem mais obras por aí?

Certamente. No momento, estou revisando um texto meu para teatro (Sobre cordeiros, navalhas e dentes-de-leão) e estou terminando outro, igualmente para teatro: Um homem não é uma laranja. Pretendo também começar um novo romance (que já tem título provisório: A Rainha de Paus) no final do ano. Esse romance não é uma continuidade imediata d’O Preceptor, mas é, de fato, meu retorno a esse universo tão querido.
     
      
      8.    Em nossas conversas você citou que também faz teatro , como e quando surgiu essa paixão ?

Faço teatro desde que me entendo por gente. Minha mãe  se diz responsável, já que me levava para apresentações infantis numa época em que eu ainda usava fraldas. Risos. E também me lembro de montagem amadoras minhas nas quais, dirigia, atuava e produzia (com a ajuda de colegas) desde a mais tenra idade. Talvez seis ou sete anos. Depois ingressei num grupo de teatro amador no colégio e só parei durante a faculdade (sou formado em direito). Mesmo assim, sempre dei um jeito de estar por perto e voltei para o teatro através da escrita. Resolvi que seria dramaturgo e desde então tenho abraçado essa vida cada vez mais. Hoje, estou cercado por profissionais e mestres maravilhosos, do quais destaco Harildo Déda, grande amigo e querido professor e diretor.

        9.    Teatro em Salvador dá certo ?

Essa é uma pergunta difícil. Depende do que se considera “dar certo”. Sim. Enfrentamos desafios diários que vão da falta de estrutura (e nesse contexto incluo a pauperização dos teatros) à problemática e cheia de melindres política cultural de incentivo. A meu ver, na prática é tudo muito burocrático, não há nenhum programa expressivo de formação de platéia e, pra completar, ainda existe uma desvalorização aberrante do nosso trabalho. Agora, ainda assim, é o que eu sei e o que gosto de fazer. Então, pra mim tem dado certo.

10.  Indica ser escritor ou ator para os nossos leitores ?

Shakespeare diz que “somos da substância de que são feitos os sonhos” e eu acredito nisso. Na verdade, é mais que isso. Essa frase tem sido, sem dúvidas, o meu leitmotv, ou o tema mais recorrente na minha vida. Basta pensar que abandonei o direito por esse “outros ofícios”, pelos quais sou confessadamente apaixonado. Então, se tiver paciência e disposição para se jogar, seja bem-vindas! A labuta nessas áreas (como em todas as outras) é recheada de dores, mas também de muitas, muitas delícias! 





Bom pessoal, espero que tenham gostado da entrevista, pois eu amei!
 Obrigada André, por toda atenção e carinho ao responder nossas perguntas.


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