Quero ser psicóloga (o), e aí?

terça-feira, novembro 24, 2015 Unknown 2 Comments


Já pensou em fazer psicologia? Nossa entrevista da vez é com uma estudante da área. O post ficou grandinho, mas espero que ajude!


O que você estuda enquanto estudante de Psicologia?



Uma estudante de psicologia estuda sobre o comportamento humano. Só que concordo com você que estudantes de psicologia estudam sobre comportamento humano é bem genérico, né? Então vou tentar ser um pouco mais específica, o que é difícil porque a psicologia é bem plural – seria melhor, inclusive, dizer psicologiaS. De modo simples, estudantes de psicologia estudam sobre as teorias e tudo aquilo que vai estruturar a nossa prática psicológica, passando por tudo aquilo que é responsável por estruturar a subjetividade humana.


No currículo do meu curso, a parte prática só vem, de fato, no último ano de estágio obrigatório, sendo a clínica (tradicional) o foco. Porém, nem todas estudantes de psicologia vão trabalhar no formato da clínica. Na verdade, a maioria. A maioria vai trabalhar no SUS, o nosso Sistema Único de Saúde. Porém, meu curso está alocado na área de Humanas e não na área de Saúde em minha universidade, e ao redor de todo o país vemos a realidade de um currículo defesado. Então, na real: nossos currículos e a sala de aula não cumprem o objetivo de construir um projeto de psicologia que seja voltado às reais necessidades de nosso povo, de nossa gente.

Se queremos encontrar ferramentas e conteúdo para sermos psicólogas e psicólogos que querem contribuir pro combate às opressões e por uma sociedade mais humana, justa e igualitária, precisamos sair do conforto da sala de aula e ir além, bem além. Ir além das salas de aula e dos muros de nosso campus: devemos ser as/os protagonistas da nossa formação.


O que faz parte do seu dia a dia enquanto estudante de Psicologia?


Meu campus é a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e minhas aulas de disciplinas obrigatórias acontecem só pelo turno da manhã. As disciplinas optativas, grupos de pesquisa, atividades de extensão (raras), reuniões de Diretório Acadêmico, da Frente Feminista, eventos, e a maioria das Atividades Curriculares em Comunidade e Sociedade, acontecem pela tarde. Então, pela manhã estou a maior parte do tempo em sala de aula e pela tarde, em outros espaços que me permitem construir um projeto de psicologia que faça sentido, não só para mim, mas a gente ao meu redor. Na maior parte do tempo, chego em casa só de noite – morar longe da universidade conta –, com a certeza de que estou no caminho certo.


Quais os desafios que uma estudante de psicologia irá encontrar?

O primeiro deles é descobrir que a Psicologia que você está começando a conhecer não é exatamente aquela que você imaginava. As leituras podem ser um desafio pra quem não tem o hábito da leitura: é muita apostila, capítulo, livro para ler. Por vezes, as crises também surgem. O tempo todo, na verdade, assumindo diversas formas envolvendo as razões que nos levaram a fazer psicologia e o que faz a gente permanecer no curso. Mas se a gente consegue encontrar uma razão para continuar, as coisas ficam mais fáceis e conseguimos ser fortes.


Afinal, psicologia está encaixada em humanas ou saúde?

A Psicologia é uma profissão da área da saúde, mas é da área de humanas também. A Psicologia é uma ciência tão plural que é impossível simplesmente dizer se ela é Saúde ou Humanas, porque tentar encaixá-la em apenas uma dessas áreas é tentar enquadrá-la mais em uma singularidade inexistente. Quando a gente estuda a história da Psicologia e, especialmente, quando vemos o que ela é na prática, isso fica ainda mais visível. No entanto, poderia dizer que em nosso país a atuação das psicólogas está mais na área das ciências da saúde do que na área das ciências humanas: há mais psicólogas trabalhando no Sistema único de Saúde do que em qualquer outra área, somos 60% no SUS.


Quais disciplinas você se identifica mais, e por quê?



No geral, as disciplinas que mais me identifico são aquelas que trazem o debate da psicologia sócio-histórica. Nesse semestre, as disciplinas que mais me identifiquei foram Psicologia da Família e Introdução aos Estudos de Gênero.


Tem alguma característica fundamental que a pessoa precisa ter para trabalhar com psicologia?

Em minha opinião, a característica fundamental é gostar de gente, gostar do povo e forjar-se povo. É saber escutar, saber ouvir e gostar de falar também, ser paciente e acolhedor/a. Quem não gosta do povo preto, do povo da favela, das mulheres, da juventude, da população LGBT, desiste de Psicologia e vai escolher outra profissão. Pra já.


Qual área pretende seguir?


Estou no quinto semestre de curso e nenhuma decisão definitiva da área da psicologia que pretendo seguir. Estou em processo de descoberta ainda, a graduação tem esse papel. Não me faço essa cobrança de já saber a área que quero seguir e acredito que não preciso fazer uma só escolha também, mas o que busco é uma psicologia que faça sentido enquanto ciência e profissão. Quero estar do lado da luta pelos Direitos Humanos, na luta das mulheres, do combate às opressões.

A ideia de ensinar também é algo que aquece meu coração. Já pensou ser professora de milhares de alunas e alunos que podem ter em você uma referência e inspiração no que você compartilha em sala de aula? Sabe, fazer a sala de aula ser menos chata, mais produtiva, mais horizontal? A docência, definitivamente, está em meus planos.




Espero que tenham gostado da entrevista e que tenha contribuído na vida de vocês!

Quem aí se interessa por psicologia? 

2 comentários:

  1. Oi! Adorei seu blog e achei o nome muito criativo, Ha' Vim aqui através do cbblogers, beijos.

    Visite: http://carpediemmica.blogspot.com.br/

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  2. Boa sorte nessa jornada. Psicologia nunca foi algo que quis para mim, não tenho o perfil kkk!
    Beijos love♥

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